Em 1916, o físico alemão Karl Schwarzschild usou a Teoria da Relatividade Geral para entender o que acontecia em torno de objetos muito densos, como as estrelas. Ele concluiu que, se a massa de uma estrela pudesse ser suficientemente compactada, haveria um ponto em que a velocidade de escape daquele objeto seria tão alta que nada conseguiria escapar dele – nem mesmo a luz. Como, pela Teoria da Relatividade, é o traçado da luz que determina a geometria do Universo, o fato de haver uma região da qual um raio de luz não consegue escapar indica que ali há um buraco no próprio tecido do espaço-tempo do Universo. Ou seja, um buraco negro.
Até aí, era só uma brincadeira teórica. O próprio Einstein sempre levou isso na boa, pois não podia imaginar que o Universo fosse cheio de buracos. Em 1939, ele chegou a escrever um artigo repudiando a possibilidade de que esses fenômenos existissem. Mas acontece que Einstein também errava. Os astrofísicos descobriram que estrelas com muita massa, quando chegam ao fim de sua vida, implodem o seu núcleo. A matéria é comprimida a tal ponto pela ação gravitacional que o tamanho do objeto fica menor que o chamado “raio de Schwarzschild”, e o resultado é o nascimento de um buraco negro. Essa foi uma descoberta surpreendente – o Cosmos é, de fato, esburacado.
Hoje sabemos que existem vários buracos negros gerados por estrelas mortas e no núcleo de cada galáxia de médio ou grande porte. Muito bem. Mas o que acontece no interior desse objeto? Segundo a relatividade, a massa é comprimida até um ponto infinitamente denso, quente e pequeno – chamada de singularidade. O que resultaria daí, ainda é tema de várias hipóteses. De acordo com o físico americano Lee Smolin, cada buraco negro seria um ponto de partida para o nascimento de um novo Universo, muito parecido com o nosso. Pode ser uma idéia maluca, mas, convenhamos, a descrição da singularidade do buraco negro é muito parecida com a do estágio inicial do nosso Universo, o famoso big-bang. Caso ele esteja correto, é possível que o buraco negro, ao menos no instante exato de sua formação, abra caminho para um Universo-bebê.
A questão que fica é: podemos ir até lá? Por enquanto, a resposta da ciência é a de que podemos – contanto que aceitemos ser despedaçados. Como, antes de cair nele, temos de nos aproximar dele, a velocidade que ganharíamos nesse processo seria tão grande que viraríamos farinha antes de atravessá-lo. É isso que acontece o tempo todo com estrelas que estão para cair num desses devoradores, cujas massas são aceleradas tão intensamente que deixam rastros de raios X – a deixa para que os cientistas detectem um buraco negro. Pondo de lado essa limitação, suponhamos que pudéssemos atravessá-lo até perto do seu núcleo, protegidos por uma espaçonave. O que aconteceria? Segundo o físico britânico Freeman Dyson, passaríamos a fronteira sem sentir sequer um solavanco. Entretanto, um observador externo que nos visse caindo teria uma percepção bem diferente – é a relatividade em ação. Se nos imaginássemos caindo em um buraco negro, nossa percepção de tempo e espaço estaria desvinculada do tempo e espaço de um observador que nos acompanhasse de fora. Enquanto nos veríamos caindo suavemente no buraco sem qualquer desaceleração, o observador externo nos veria cair indefinidamente sem jamais tocar o fundo.
Com toda essa história de LHC (Colisor de Hádrons) é interessante ficarmos por "dentro" desses assuntos. Afinal, nunca sabemos o que pode acontecer com toda aquela parafernália que inventaram (e que, até hoje, não vejo motivo real... mas tudo bem...)
2 comentários:
parceria confirmada..!!!
^^
Meeu, quando eu penso nessas coisas astronomicas, eu juro, me cérebro parace que entra em parafuso. Mas imagina só, num burcao negro ter um filhote de Universo...seria louco! Muito tri =D
Abraços.
='-'=
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