terça-feira, 22 de julho de 2008

Manual dos Chatos

Em 1963, o escritor e dramaturgo Guilherme de Figueiredo (1915-1997) fez um livro chamado Tratado Geral dos Chatos, uma espécie de enciclopédia sobre o assunto. Figueiredo, que era irmão do chatíssimo presidente da República com o mesmo sobrenome, catalogou em um dos capítulos todos os tipos de chatos que detectou.

Veja em qual destas categorias o mala hospedado dentro de você se enquadra:

Hamletianos:
Desastrados bem-intencionados. O autor se inspirou no personagem de Shakespeare que assassinou seu empregado Polônio sem querer, levou a bela Ofélia à loucura sem intenção e acabou matando todos os amigos e a própria mãe. Mas não foi por mal.


Catalítico:
Aqueles que não precisam fazer nada para serem chatos. Sua simples presença basta. Mesmo sem se moverem ou falarem, emitem partículas de chatice que giram ao seu redor, os chamados anéis de Chaturno.

Vivissectólogos:
Aqueles que não conseguem contar um caso sem fazer uma digressão, sem voltar atrás, sem entremear uma história com outra. Para falar de uma salada de frango, têm que mencionar o nome do dono da granja.

Tartufoclocos:
Instalam-se na casa alheia. Exemplos: parentes do interior, cunhados, sogras e amigos de infância. Inspirado em dois personagens inconvenientes da história do teatro, Tartufo, de Molière, e Clo-Clo, de Marcel Achard.

Postulantes:
Os que têm sempre uma encomenda a fazer, seja uma peça para o computador ("Já que você vai mesmo a Nova York") , seja um cigarro para fumar depois.

Ofertantes:
Aparentemente, são o oposto da categoria acima. Dizem sempre "Você manda, não pede", e "Disponha sempre!" Mas depois emendam "Isso eu não posso fazer. Quem sabe numa próxima?"

Catequéticos:
Os que tentam nos catequizar. O tempo todo querem converter-nos à sua religião, ao seu partido, ao seu time de futebol, ao seu esporte preferido. O autor não cita a Amway.

Pirotécnicos:
Identificáveis por expressões do tipo: "Como vai essa força?!" Dão muitos abraços, tapas nas costas e usam pontos de exclamação em toda as frases!

Artesanais:
Estão sempre dispostos a consertar qualquer coisa, sejam lâmpadas, isqueiros, relógios ou computadores. Irritantemente habilidosos.

Faisões:
Usuários compulsivos do pronome "eu". Só sabem falar de si mesmos.

Confidenciais:
Os que pensam saber as notícias de primeira mão. Geralmente seguram você pela ombro e contam coisas óbvias, que todo mundo já sabe.

Otelos:
Têm ciúme em excesso, e não só do cônjuge, mas também dos amigos. Ficam ofendidos quando não são chamados para um almoço ou um cinema, mesmo que não pudessem ir.

Dom-juanescos:
Paqueradores compulsivos, costumam se gabar de suas conquistas com os amigos.Sabe o "tio" da Sukita? Então. É ele.

Iagos:
São invejosos e escolhem uma vítima - escritor, músico ou político - para alvo permanente. Muitos críticos profissionais pertencem a esta categoria.

Sursumcordistas:
Fazem promessas. Invariavelmente otimistas, dizem coisas como "A coisa vai melhorar".

Gratitudinenses:
Sempre lembram que você lhes deve algo. Suas frases típicas são "Troquei muito a sua fralda" e "Ajudei muito o seu pai quando ele estava em dificuldade". O duro é quando o gratitudinense é também postulante.

Logotécnicos:
São os que gostam de falar palavras difíceis, termos técnicos ou trocadilhos.Como você deve ter percebido por essa classificação, é nesta categoria que se enquadra o autor do livro, embora ele mesmo não soubesse disso.

Unílogos:
Aqueles que só têm um assunto. Por exemplo, são capazes de ocupar várias páginas de um site apenas para falar sobre chatice.
Fonte: ja-online.net

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